08–11–22
“Do que você é capaz, Luan?”
Acho que essa foi a última pergunta da sessão. Pedi pra terminar assim, para que pudesse lembrar disso ao longo da semana, mas acho que já esqueci o que ela realmente disse. Mas mesmo assim, tento pensar.
“Do que você é capaz, Luan?”
Até aqui, a resposta fixada é: eu sou capaz de ser incapaz. “Ooooh, nossa, super original, etc”. Mas não tenho pra onde fugir. Passei muito tempo agindo assim, direta ou indiretamente.
E o que tem mais fodido a minha cabeça hoje é que sei que sou capaz de mais, de fazer, sentir, experimentar mais, de não ser outra pessoa, mas de ser mim mesmo ao máximo, mais expansivo nesse sentido.
Mas aí sempre há o bloqueio, a trava, a autossabotagem, o ódio, a depressão, a insegurança. E fica por isso. E o pensamento para, as resoluções não vem e nenhum processo de ajuda é finalizado.
Tudo que eu sei é que posso, mesmo sem conseguir. Mesmo sem conseguir escrever consistentemente, sem conseguir ou poder dar mais de mim pro que eu quero — e pra quem eu quero. E quase todo dia penso que não quero nada. Nada. E ao mesmo tempo eu quero tudo, de verdade. Tudo e nada.
Talvez eu só seja capaz de escrever essas coisas, antes de dormir ou de fazer alguma tarefa doméstica. Pouco importa.